Como ri Duras...


Ela quis caminhar um pouco pelo calçadão. O sol: pedaços de beiços de fogo. Além, no rumo d’África, Sírius principiava a lumiar os céus. Caminhávamos devagar, e dos pormenores me lembraria por muito tempo. Eu carregava numa mão a mochila de Anantha e na outra segurava com preocupação majestosa a máquina fotográfica — haveria de gravá-la em mais de setenta e duas poses, rindo, rindo e rindo, como riem as gueixas, como riem as meninas que cantam nos trios elétricos, no Carnaval, na praça Castro Alves, como ri Ivete, como ri Luana Piovani, como ri Fernanda Torres, como ri Marguerite Duras, n’O Amante. De vez em quando, meu olhar caía-lhe sobre os olhos azuis. Ou sobre os lábios, carnosos, bonitos. O caminhar, os cabelos bailando, a voz doce, a leveza de Anantha, enfim, animava-me, enquanto andávamos e ela falava do projeto Tamar.

Comentários

Postagens mais visitadas